A burocracia tem raízes veneráveis e milenárias. A explicação do autor é a seguinte: no princípio era a ordem. Uma vez expulsos do paraíso, Adão e Eva vieram para o mundo terrestre. Com eles deu-se início ao processo burocrático.
É que a entrada no céu passou, desde então, a depender de cerimónias fúnebres e, mais tarde, também de registo de óbito. Rapidamente se inventaram os registos de nascimentos, as vacinas, as matrículas escolares, a carta de condução, os assentos de casamento, as obrigações fiscais e outras coisas mais.
Depois, só muito depois, apareceu o abono de família e o subsídio de aleitação. Instalou-se, assim, a desordem. A natureza tem, como é sabido, poder auto-reorganizador.
E, consciente desse fenómeno, o autor pretende, com este “ruído” mordaz e incómodo, deixar um contributo para a reorganização, ou seja, para uma nova ordem. Burocracia é um “dinossauro” que se alimenta de relógios comendo o tempo das pessoas e o das organizações e que, pelo outro extremo, defeca tarefas inúteis, futilidades e muitos papéis para se limpar.
Burocrata é o gestor que tendo uma mesa a mais numa sala e uma a menos noutra, exige dois papéis para a mudar, um ao que a dispensa e outro ao que dela necessita.
A primeira edição desta obra, há muito tempo esgotada, foi publicada em 1990. Face ao interesse e procura da mesma, foi decidida esta reedição revista.